"Per litteras ad aeternitatem"
ACADEMIA BAURUENSE DE LETRAS
(Fundada em 07/07/1993)
APRESENTAÇÃO da MOSTRA
A ACADEMIA BAURUENSE de LETRAS CONTA SUA HISTÓRIA
O momento da comemoração dos 25 anos da Academia Bauruense de Letras nos leva à reflexão sobre seus rumos daqui para a frente e o balanço destes anos de atividade, desde sua criação. Como presidente da entidade, com um mandato de dois anos, cabe-nos incentivar a participação dos antigos membros e parabenizar os novos que ora ingressam na instituição, trazendo seus sonhos e projetos – sem dúvida de grande importância para injetar vida nova ao montante da experiência dos mais antigos.
Muitas foram as realizações de seus membros nestes anos todos e no momento estamos investindo esforços na continidade da criação do acervo documental da Academia dentro do Projeto Memória ABLetras que além da etapa de iniciar a organização dos documentos ja proporcionou uma primeira Mostra com ênfase especial às fases históricas da pré-fundação e fundação por Celina Alves das Neves e alguns pioneiros. Muitos destes acadêmicos fundadores, ainda participantes da Academia, têm tido sua atuação registrada na série Entrevistas –parte viva do acervo em construção e que deverá ser enriquecida com novas colaborações.
Agora, na comemoração dos 25 anos, reapresentamos alguns testemunhos históricos numa segunda MOSTRA constituída por documentos reunidos, selecionados anteriormente, identificados e acondicionados nas pastas do acervo cuja organização está em processo, aguardando novas doações.
Nesta oportunidade desejo congratular-me com a equipe que vem realizando este trabalho, em caráter voluntário- muitos pertencentes à Oficina da Palavra e alguns membros da ABLetras- numa demonstração de apreço às realizações da entidade que são, na realidade, fruto da dedicação de seus membros com suas criações e seus testemunhos de vida voltados à causa do cultivo da língua e literatura de nosso país com especial enfoque às realizações na cidade de Bauru
Dr.Eron Verissimo Gimenes
Presidente da Academia Bauruense de Letras
(2018-2020)
Um Antídoto Contra o Mal do Esquecimento
Em sua obra Entre o Passado e o Futuro, Hannah Arendt nos alerta sobre a privação da dimensão da profundidade na existência humana, caso fossemos ameaçados pelo esquecimento. Mais do que recordar, torna-se necessário compreender os processos humanos e sua implicações na vida cotidiana. Mais do que contribuir para a luta contra o esquecimento e buscar o direito da visibilidade por meio da memória, o Projeto Memória da Academia Bauruense de Letras procurou dar visibilidade as obras e textos de autores bauruenses, por meio de sua atuação em Bauru e na própria Academia Bauruense de Letras.
Este legado, que não é exclusivo dos acadêmicos, mas faz parte da própria memória e história da nossa cidade, encontrou nas mãos de um grupo determinado (entre acadêmicos e membros da Oficina da Palavra) , o respaldo necessário para que se desenvolvesse. Esta exposição, que a primeira vista pode parecer o ponto final de um processo de organização documental e iconográfica, é na verdade o ponto de partida para muitas outras ações, colocando sempre, a imensa contribuição da ABLetras para com a Língua e a Literatura Portuguesa em Bauru e região.
Esta mostra, ainda que pequena, revela o desejo de bauruenses, amantes das letras, na busca de um espaço de debate e visibilidade para seus textos, um verdadeiro antídoto para o mal do esquecimento tão típico dos nossos tempos.
Claudia Leonor Guedes de Azevedo de Oliveira
Historiadora. Especialista em História Oral
Mestre pela ECA/USP. Doutoranda –Universidade do
Porto, Portugal. Membro da ABLetras, cad - 20
INTRODUÇÃO
A Academia Bauruense de Letras Conta sua Historia
A ideia da montagem de uma Mostra de documentos históricos da ABLETRAS surgiu numa reunião ordinária em fevereiro de 2016, como contribuição à comemoração dos 24 anos da entidade. Informada de que não seria viável, pois não existia um acervo unificado pela inexistência de local onde alojá-lo, sendo que cada presidente mantinha os documentos relativos a sua gestão sob sua guarda, e, terminado o mandato, encaminhava-os para a diretoria seguinte, logo ficou evidente que seria preciso, primeiro formar esse acervo, e iniciar o processo de organização. Pela primeira vez com local próprio cedido pela Prefeitura Municipal, impunha-se à ABLetras cuidar de sua memória- sinal inconteste de maturidade de instituições e pessoas, quando reconhecem que percorreram uma trajetória que merece ser contada. Daí a justificativa para se criar o Projeto Memória da Academia Bauruense de Letras com o intuito de se traçar os caminhos da vida da Academia. Para colocar em prática a ideia foi formado um grupo de trabalho com a participação da então presidente Rosa Leda A.Gabrielli e os membros Claudia Leonor Guedes de Azevedo e Cecilia de Lara. Em reuniões preparatórias foi elaborado um texto com as diretrizes e tarefas a serem empreendidas e combinadas as providências a serem encaminhadas aos membros da ABLetras solicitando colaboração, doação de documentos, participação nos trabalhos, bem como concessão de entrevistas e depoimentos, dando-se, então, início às atividade de organização do acervo e coleta de novas contribuições.
Só faltava quem realizasse as tarefas proposta.Como coordenadora do projeto cultural autônomo Oficina da Palavra, que em sua fase atual funciona na sede da ABLetras na antiga Estação Ferroviária de Bauru, convidei as participantes interessadas a integrar a equipe como pesquisadoras voluntárias no Projeto,sendo que o veio da valorização da memória pessoal, nas atividades da Oficina, seria transferido agora para a memória coletiva. Alguns acadêmicos se juntaram ao grupo de trabalho e outros ofereceram documentação que conservavam sob sua guarda.
Os documentos existentes-desde a fase da pre- fundação e fundação, e outros coletados no decorrer dos trabalhos, foram cuidadosamente examinados, separados e reunidos e, conforme sua natureza, acondicionados em pastas, resultando nas várias séries, acrescidas com material audiovisual. Verificou-se a existência de várias lacunas, decorrentes da não conservação de documentos em alguns períodos: o que tem nos levado a prosseguir na solicitação de material aos acadêmicos que possam e que desejem fazer doações ao projeto.
Um aspecto do trabalho do grupo que se reveste de fundamental importância tem sido a gravação de entrevistas e registro de depoimentos de acadêmicos que participaram da criação da ABLetras ou de momentos marcantes de sua trajetória. Já foram entrevistados: Joaquim Simões, Carlos Abreu de Carvalho, Josefina Fraga, Darcy da Luz, Lázaro Carneiro, Rubens Cesar Colacino e ofereceram depoimentos escritos –José Carlos Brandão, ...e Josefina Fraga (também entrevistada) Vários outros nomes constam da pauta para continuidade desta tarefa. Numa segunda etapa daremos continuidade ao trabalhoso processo de transcrição das entrevista já iniciado.
Com a aproximação da data da comemoração do aniversário de 24 anos da Academia, demos por cumprida a primeira etapa de formação e organização básica dos documentos históricos, e pudemos selecionar os mais significativos para compor uma primeira Mostra em julho de 2017. Agora, incentivados pelo interesse e apoio do novo presidente estamos retomando os trabalhos com novas entrevistas e organização das pastas e optamos por uma reapresentação da Mostra para comemorar os 25 anos da ABLetras.
De nosso convívio com as antigas ATAS e documentos mais representativos, pudemos tomar conhecimento das peripécias de um trajeto nem sempre tranquilo, desde os primeiros tempo da pré -fundação, com embates entre tomar como modelo a tradição das Academia Francesa e da Academia Brasileira de Letras e tantas outras nelas inspiradas, ou optar pela renovação, criando uma associação mais aberta. Divergências que retardaram a criação oficial por cerca de seis meses, até a retomada pela principal articuladora do movimento pela fundação da Academia, Celina Alves das Neves e alguns pioneiros. Assim fomos redescobrindo o grande prestigio que cercou a criação inicial e seus primeiros tempos e inúmeras iniciativas que não tiveram continuidade como a realização de concursos, participações em atividades junto a entidades da cidade, que revelaram um fase bastante atuante na vida cultural de Bauru. E a inauguração da tradição de publicar Antologias, que perdura até hoje. Por outro lado, objetos que podem parecer de pouca importância como o broche, selo comemorativo, carteirinha de identificação – ficaram esquecidos. Mas, são símbolos que merecem ser revitalizados junto a estola- único que permaneceu- e que podem reforçar de modo concreto o sentimento de pertencimento dos acadêmicos e, principalmente, revitalizar as motivações pessoais, para aqueles que se sentem membros de um grupo que têm interesses comuns e um passado que poderá ajudar a construir um futuro de novas realizações. Se quisermos salientar a razão da valorização dos documentos que temos coletado, organizado e examinado, precisamos antes de tudo considerar que refletem a contribuição pessoal dos componentes da Academia e suas realizações, com suas criações no campo que os conduziu a integrar a entidade- a criação literária e o cultivo da língua pátria. E para que se possa dar o valor devido a essa contribuição é necessário o conhecimento do que foi realizado- para reconhecimento dos que lutaram nos primeiros tempos pela criação da ABLetras e contribuíram com suas iniciativas em vários momentos e, mais recentemente, pela retomada da luta por uma sede própria. Ações que promovem a consolidação da entidade, de várias formas, e que podem servir de incentivo para aqueles que têm se mantido indiferentes, ausentes das reuniões ordinárias ou comemorativas e outros eventos. Junto às tarefas de manutenção dos documentos existentes - aspecto de indiscutível importância- acrescenta-se a idéia de continuidade da formação do acervo que se enriquece com o tempo a cada nova diretoria que deve estar atenta à produção e manutenção dos documentos a serem incorporados ao conjunto já constituído.
Uma das vertentes mais expressivas do Projeto, fruto de trabalho constante e em andamento, tem sido a captação de entrevistas e depoimentos, que transformam o acervo em um corpo vivo em crescimento.
Consideramos que a criação do Projeto e a realização de uma primeira Mostra procuraram, antes de tudo, renovar o interesse pela instituição, incentivando a participação de seus membros. Por isso nos pareceu oportuno o empenho na sua reapresentação num segunda Mostra para marcar este momento tão significativo que é a comemoração dos 25 anos.
Profa.Dra Cecilia de Lara
Docente e Pesquisadora Aposentada do IEB e
FFLCH/USP, São PAULO
Membro da ABLetras. CAD - 17